segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fade to Black

Depois de algumas horas caminhando sob o Sol escaldante, resolvi que era hora de um descanso. Meu cantil já estava pela metade, e a comida que havia comprado na última cidade pela qual passei, já estava no fim. Bebi toda a água que me restava enquanto comia as duas últimas bananas.
Após o desjejum, decidi procurar por comida e água nas proximidades. Não havia sinal de existência de ser humano algum por perto, então teria que procurar por mantimentos naquela mata. Caminhando mais um pouco, não demorou muito para ouvir o barulho de água corrente por perto. Segui aquele som, até me deparar com um riacho, bem pequeno, mas que seria o suficiente para me abastecer. Enquanto enchia meu cantil, avistei algumas árvores carregadas de frutas. Eram mangueiras, conforme pude perceber enquanto escalava-as em busca do fruto. Peguei umas cinco mangas, coloquei-as em minha mochila, e logo segui viagem, dessa vez beirando o riacho, na esperança dele me levar a alguma cidade.
Pouco tempo depois, para minha surpresa, encontrei algo que não esperava ver na margem daquele pobre riacho: uma pequena e mirrada Salsa Parrilha. Meus olhos brilharam e minhas mãos tremiam diante de tamanha excitação. Seu tamanho reduzido não lhe permitia ter frutos ainda, então coletei sua planta e sua raiz, decidido a experimentá-la ao anoitecer. Ainda sorrindo por conta da minha recente descoberta, comecei a procurar um local no qual pudesse acampar e passar a noite. Nessa procura, encontrei uma pequena clareira, com espaço apenas o suficiente para montar a minha barraca, e uma fogueira por perto. Achar lenha não foi um problema, havia centenas de árvores ao meu redor. Peguei alguns pedaços de madeira e os empilhei, de forma que a fogueira pudesse se manter acesa durante toda a noite.
O Sol já estava se pondo, e eu resolvi que então era hora. Com a fogueira já acesa, coloquei um pouco de água para ferver, juntamente com as raízes da Salsa Parrilha que eu havia encontrado mais cedo. Alguns minutos se passaram, até que o aroma inconfundível se espalhasse pelo ar: o chá estava pronto. Retirei o líquido do fogo, e esperei alguns instantes o chá esfriar, enquanto soprava-o. Quando senti que já era o bastante, tomei o chá em um só gole, sem hesitar. Senti minha garganta queimar, e levantei abruptamente. Minha visão estava turva, embaçada. As árvores ao meu redor começaram a girar, cada vez mais rápido, de modo que eu só podia enxergar um borrão luminoso, do que antes foi uma fogueira. E tudo continuava girando ao meu redor, o chão sumiu sob meus pés, escuridão total. Fechei os olhos e, naquele momento, eu só podia torcer para aquela sensação passar logo.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

The Seeker

Já era dia. A claridade feria os meus olhos enquanto eu tentava abri-los. Olhei ao meu redor e não vi nada além de árvores, nenhum sinal de vida. Nesse momento eu já sabia o que havia acontecido nas últimas horas, tudo se resumia a um único nome: Parrilha. Só ela é capaz de tais feitos sem aparente explicação. Tentei me levantar, com a cabeça prestes a explodir, e diante de tamanha dor, eu hesitei. Depois de ter retomado as forças, consegui ficar de pé, pronto para seguir o meu caminho, embora nesse momento eu já não tivesse mais idéia de qual seria. Resolvi seguir meu instinto mais uma vez, afinal de contas, se eu estava vivo, era graças a ele.

Orientei-me pela posição do Sol, e segui rumo ao norte, sem saber o que encontrar ou esperar. Essa vinha sendo a minha rotina durante os últimos dois anos, e ainda não havia encontrado o que procurava: a Parrilha perfeita, aquela que seria capaz de transportar quem a consumisse para o seu lugar de origem, aquele ao qual a pessoa realmente pertence. Ou vai me dizer que você nunca se sentiu deslocado no mundo, como se não fizesse parte de tudo isso? Se sentindo um completo estranho em meio à sociedade que o cerca? Pois então, eu acreditava que a Parrilha seria a cura para isso, e dediquei os últimos dois anos da minha vida pesquisando os efeitos da erva e suas propriedades.

A partir de hoje, contarei as aventuras e experiências vividas por mim, um parrilheiro, em busca do bem mais precioso do ser humano: a felicidade.